Casapina: construção de adobe de pouco mais de 100 anos, localizada em calle Agustinas nº 2770, bairro histórico Yungay, Santiago do Chile. Tradicional casa de três pátios: estreita, germinada e muito comprida. Loja de pesca.
Tudo começa com o desejo de portar comigo a velha casa da família onde morou minha avó paterna, em Santiago do Chile. No desejo de me apropriar dela, decidi reconstruí-la progressivamente através de trabalhos visuais. Era uma casa feminina e repleta, abarrotada de objetos e memórias que, juntamente com o adobe, multiplicavam-lhe o peso e a densidade. Sem intervalos ou vazios que pudessem aliviar-lhe os efeitos da gravidade. Público e privado eram dimensões internas e sobrepostas, a partir da situação inverossímil de uma loja de pesca dentro da sala de jantar, por mais de 40 anos.
A casa revelou-se passível de ser pensada cômodo a cômodo, como uma maneira de desenovelar o labirinto que era, de decupá-la como a um texto que tem demasiadas informações. Era também potente fonte de memórias pessoais ou alheias, intuídas ou inventadas. Cada cômodo reconstruído caberia, assim, dentro do capítulo de um livro. Então a casa se transformaria, um capítulo após o outro, em livro. Comecei pelo capítulo Pátio de luz e continuei a ocupação por outros cômodos da casa através de meios como a fotografia, a instalação, a performance, a música, o vídeo. Dessa forma, como imagem, a casa se tornaria matéria leve e transportável. Um espaço acessível desde qualquer lugar.
O conjunto deste trabalho é parte do mestrado em Poéticas Visuais "A construção da casa", 2010, orientado por Carlos Fajardo na Escola de Comunicações e Artes, USP. Disponível em TEXTOS.
"El tango del pasillo", co-autoria com Gabriela Tapia e Gonzalo Beltrán, 2009
de fora para dentro
de dentro para fora
Versão da animação fotográfica (stop motion) com trilha sonora em improvisação livre a partir das imagens. Rabeca, sax e outros: Thomas Rohrer.
ALTAR, fotografia, 2009.
“Se nos esclarece que os templos de Vênus, Vulcano e Marte hão de se levantar fora das muralhas, para que os prazeres de Vênus não sejam praticados na cidade nem pelos jovens nem pelas mães de família; se se provoca a força de Vulcano perante ritos e sacrifícios, parece que os edifícios se vêem livres de sofrer incêndios, situados fora das muralhas.
Dado que a deidade de Ma
TELHADO, fotografia em back light, 2007.
Sobre o teto da casa: a presença das chaminés com a cordilheira ao fundo compunham um novo telhado, muito maior, a ponto de cobrir um espaço além dos limites da casa. Esse escape visual suporta toda a luminosidade do mundo que falta aos espaços internos, e da qual três pátios não conseguem dar conta.
EPÍLOGO
Os cupins nunca suspendiam o trabalho de diluir as vigas de madeira. Anos e anos de árduo roer, morder e digerir e finalmente a matéria, mistura do adobe com as farpas mastigadas, começou a cair sobre a prateleira mais alta do armário.
A solução encontrada, rápida e antisséptica, foi colocar um balde sob o derramamento de terra, que escoava fluída como em um relógio de areia, mas sem se impo
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